O aproveitamento dos recursos minerais remonta à pré-história paleolítica. Basta pensarmos no silex, material de excelência dos povos da antiguidade longínqua para a produção de ferramentas e armas, ou a obsidiana, que proporcionava lâminas extraordinárias. O ouro e o cobre, por seu turno, aparecendo na natureza em estado puro, estarão entre os primeiros metais a serem trabalhados, no final do Neolítico, havendo vestígios claros de exploração artesanal e superfícial de cobre no V Milénio a. C. (fonte), sobretudo na Faixa Piritosa Ibérica, uma vasta área no sudoeste peninsular rica em minérios e metais. 

A exploração mineira e a produção metalúrgica intensiva e sistemática, em escala verdadeiramente industrial, verifica-se, no entanto, depois do Calcolítico (Idade do Cobre) e da Idade do Bronze, durante a Idade do Ferro, principalmente no I Milénio. A consolidação de grandes nações e impérios altamente militarizados e urbanizados e o surgimento da cunhagem de moeda, deram um impulso decisivo ao setor metalúrgico. Na Península Ibérica, essa indústria foi  impulsionada pelos Tartésios e, principalmente, após os primeiros contactos comerciais com os povos do Oriente Médio: por Fenícios, seguidos de Cartagineses e Romanos.  

As grandes civilizações da antiguidade, sobretudo as da área de influência do crescente fértil, como o Egito ou a Suméria, região pobre em minérios não preciosos, mas também a Grécia ou Roma, tinham que importar a generalidade dos seus metais de locais distantes, sendo esse talvez o principal motivo de expansão marítima das civilizações da antiguidade para oeste, para a Europa, através do Mediterrâneo, num movimento proto-imperial de procura de recursos naturais. Como hoje em dia o petróleo e no século XIX o carvão, a exploração de minérios foi desde cedo o principal factor de intercâmbio entre povos, de aproximação do Ocidente com o Oriente e de medida de poder das (proto)nações.

Depois da revolução da agricultura, que conduziu ao sedentarismo e à consolidação de grandes cidades e sociedades complexas, a revolução dos metais, primeiro o ouro, depois o cobre, o chumbo e rapidamente o bronze, o ferro e outras ligas mais fortes, pelo seu impacto na tecnologia militar, permitiu o desenvolvimento das grandes civilizações no Médio Oriente (e, não esquecer, no extremo-oriente/China) e os primeiros impulsos verdadeiramente imperiais da humanidade - que culminariam com Roma. A manutenção e dilatação desse poderio exigia, pois, a concorrência de cada vez mais recursos da terra, em dois pilares clássicos: alimentos e minérios. Se no primeiro capítulo, o fértil Médio Oriente e a bacia do Nilo estavam bem servidos, já no que respeita ao segundo, era preciso ir buscá-los mais longe. Tão longe que já no segundo milénio há sinais de intercâmbio como o referido Extremo Oriente. 

Desde muito cedo, no entanto, que as primeiras civilizações se viraram para Ocidente em busca dos metais não-preciosos, na realidade talvez os mais preciosos, se considerarmos o seu peso real no poder dos primeiros Estados. O estanho, elemento essencial para a produção do bronze, e a prata, metais que existem em abundância na Ibéria, são dois exemplos paradigmáticos dessa dinâmica, que levou às primeiras interações entre os povos do Médio Oriente e os da Península Ibérica, tráfego que deverá remontar, pelo menos, ao 3º milénio A.C.. A atividade mineira e metalurgica autóctone na Península Ibérica, onde minérios como o cobre, o estanho, o chumbo, o ouro ou a prata eram relativamente abundantes, apresenta sinais de ainda maior antiguidade, recuando, como vimos, até ao V milénio. 

Mas foi sem dúvida com os Fenícios que a produção e exportação de metais a partir da Ibéria se intensificou de forma determinante, com este povo de mercadores a estabelecer diversas colónias e entrepostos um pouco por toda a costa mediterrânica e atlântica da Península, sobretudo a partir de 1200 a. C., e a estimular a produção local, a fim sobretudo de abastecer o Médio Oriente com metais ali pouco abundantes como o estanho ou a prata. 

Foram os Romanos, no entanto, que mais impacto tiveram na atividade metalurgica da região ibérica, em termos de exploração em grande escala, verdadeiramente industrial e proporcional às necessidades do Império bélico por excelência da Antiguidade. 

Este website pretende ser, desta forma, uma introdução à realidade metalurgica - mineração, transformação e exportação - da Península Ibérica nos períodos Romano e Pré-Romano.